I am happy
Difícil tarefa a de contar como foram os concertos do SB SR. Poderia não o fazer, ninguém me obriga, a não ser eu própria, como um teste que tenho de efectuar, por mais que não queira ou sinta medo. Ultimamente, tenho medo de escrever. E as palavras não me têm facilitado a vida. Não tenho gostado do que escrevo. Em tudo, falta intensidade. Férias, preciso mesmo de férias. Na Sexta-feira, conversava com o José sobre os próximos passos na tese. Nem hesitei. "Agora, vou de férias. Preciso mesmo de férias!" Respondia-lhe desesperada e, ao mesmo tempo, contendo-me. Suspirei de alívio ou de compaixão quando o José respondeu que, também, ele precisava de férias. Depois, depois, em Setembro, começo a leitura da infindável lista de referências bibliográficas. Ainda não é esta semana, mas é na próxima. Depois da defesa da tese de mestrado do Quim, no dia 18, vou de férias. Levo o computador, tenho dois artigos para escrever, mas vou esbanjar tempo, assim mesmo, esbanjar tempo. Adoro esse ritmo. E a minha escrita está a precisar de tempo. Sinto que preciso de ficar sem escrever umas quantas semanas, para conseguir regressar a um estado inicial, mais primário, mas mais intenso e assertivo, da minha escrita. Confesso que ultimamente nem tenho tido paciência para escrever! O quê? Como é que é possível? A mais pura verdade. Nem me reconheço. Nem a ela.
Mas não poderia deixar passar em branco alguns momentos fantásticos dos concertos do SB SR. Curiosamente, encontro aqui uma semelhança. Ocorreu-me agora mesmo, enquanto escrevia e pensava no concerto de que mais gostei (difícil decisão, também) e nas fotografias que escolheria para ilustrar as minhas pobres palavras (serão mínimas, ridículas até). Uma característica em comum: essa intensidade que vejo diminuir nas palavras e que se sente em determinados sons e, particularmente, em determinadas maneiras de cantar. A forma como cada músico se coloca em palco, a forma como agarra o microfone, a forma como dança e balança os braços e atira as pernas lentamente para o lado e sacode a cabeça, elevando-a um pouco ao jeito de apanhar qualquer coisa que ali paira no ar, mas não se vê, só se sente. Tv on the Radio. Nem hesito (coisa estranha...). Ver Tunde Adebimpe cantar, faz-nos crer que não podemos estar sequer a ouvir aquilo que canta, tal é a sua grandiosidade em palco. Os seus gestos presos num ritmo que só os seus pés conhecem, o ar que passa subitamente pelos seus pulmões e fá-lo encolher a face, retrair-se num movimento inexplicável do seu corpo. Os Tv on the radio não precisam de cenário, de personagens fictícias, grandes aparatos tecnológicos ou instrumentais. Nada disso! São tão simples que assustam. E, no entanto, os sons e os movimentos que os sons descrevem (qualquer coisa que acontece em nós, no nosso corpo) são magistrais (cabe nesta palavra tudo o que possa ser da ordem do grandioso).
Mas não poderia deixar passar em branco alguns momentos fantásticos dos concertos do SB SR. Curiosamente, encontro aqui uma semelhança. Ocorreu-me agora mesmo, enquanto escrevia e pensava no concerto de que mais gostei (difícil decisão, também) e nas fotografias que escolheria para ilustrar as minhas pobres palavras (serão mínimas, ridículas até). Uma característica em comum: essa intensidade que vejo diminuir nas palavras e que se sente em determinados sons e, particularmente, em determinadas maneiras de cantar. A forma como cada músico se coloca em palco, a forma como agarra o microfone, a forma como dança e balança os braços e atira as pernas lentamente para o lado e sacode a cabeça, elevando-a um pouco ao jeito de apanhar qualquer coisa que ali paira no ar, mas não se vê, só se sente. Tv on the Radio. Nem hesito (coisa estranha...). Ver Tunde Adebimpe cantar, faz-nos crer que não podemos estar sequer a ouvir aquilo que canta, tal é a sua grandiosidade em palco. Os seus gestos presos num ritmo que só os seus pés conhecem, o ar que passa subitamente pelos seus pulmões e fá-lo encolher a face, retrair-se num movimento inexplicável do seu corpo. Os Tv on the radio não precisam de cenário, de personagens fictícias, grandes aparatos tecnológicos ou instrumentais. Nada disso! São tão simples que assustam. E, no entanto, os sons e os movimentos que os sons descrevem (qualquer coisa que acontece em nós, no nosso corpo) são magistrais (cabe nesta palavra tudo o que possa ser da ordem do grandioso).
Queria falar sobre os outros concertos. Mas, subitamente, deixou de fazer sentido falar sobre eles. Talvez já tenha dito tudo.
(Esta última fotografia é do Eduardo J.)
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