quarta-feira, novembro 30, 2005

Devir-ipod

Bem me parecia que ia acabar por escrever sobre isto. Embora não saiba muito bem porquê... Ontem explicava ao Rodrigo o que é que me andava a acontecer com o ipod, ao mesmo tempo que lhe dizia que ainda não tinha escrito sobre isso, mas que, provavelmente, iria escrever. Claro que não sei se poderei chamar a este estranho acontecimento devir-ipod, mas há, de facto, algo em mim de ipod e no meu ipod algo de mim, que a selecção que ele apresenta durante as minhas viagens a Lisboa está sempre de acordo com o que eu "preciso" de ouvir. Nem sequer me pede licença, coloca as músicas desenfreadamente, ao ritmo que ele acha ser melhor e mais adequado ao momento. E qual o meu espanto, acerta!
Exemplificando: na Quinta-feira tinha uma reunião em Lisboa às cinco e meia da tarde e não consegui sair de Coimbra antes das quatro e meia; sentei-me no carro (pedi-lhe desculpa por ter que fazer a viagem a um ritmo que ele já não conhece; sim, para espanto dos meus amigos – que ainda não acreditam – eu agora ando devagar), liguei o ipod em shuffle e... eis que ele começa a passar the Duke Spirit, Franz Ferdinand, the White Stripes, lcd soundsystem, le Tigre, Arcade Fire... sempre a abrir! Nem sabe o bem me fez e o quanto me ajudou nessa viagem. É mesmo verdade que já não fazia uma viagem de carro assim tão louca desde Julho (sim, consigo precisar a última vez que andei a uma velocidade não recomendada). Embora não tenha conseguido chegar às cinco e meia, o atraso foi menor. Ontem, aconteceu exactamente o contrário (no que respeita à selecção do meu ipod). Saí de Coimbra com todo o tempo do mundo para fazer uma viagem tranquila. Tinha combinado lanchar com o Rodrigo, mas tinha tempo, aliás, acabei por chegar mais cedo do que o previsto e andei sempre nos limites (com bónus) da lei. Mas o mais curioso é que o meu ipod decidiu passar praticamente só the Divine Comedy! Por serem os anos do Rodrigo?! Não sei... Mas a meio da viagem, desatei às gargalhadas, porque já eram coincidências a mais.
Existe, de facto, essa estranha relação entre mim e o meu ipod, sobretudo quando este está em shuffle. Aliás, não é a primeira vez que penso sobre isto e até já apontei, algures lá para baixo, uma coisa do género "a memória shuffle é mais tramada do que isso". O isso não vem agora ao caso, no entanto, a minha opinião mantém-se acerca da memória shuffle. É muito tramada! Nem conto como foi a viagem para cá...