terça-feira, junho 19, 2007

bcn Report

Parte I - Volver
Há regressos que não são regressos. Não penso numa viagem temporária, em que, passados alguns dias, se regressa, nem num regresso definitivo a qualquer lugar, que, anteriormente, fizera parte das nossas vidas (como por exemplo, o lugar natal). A palavra "volver", em castelhano, é muito mais complexa do que a palavra portuguesa equivalente, "voltar". O filme de Almodóvar, com este mesmo título, ilustra bem essa complexidade, não só pelo significado que o regresso tem no filme, mas pelo outro significado (outros significados) que a palavra "volver" vai adquirindo ao longo da história. Neste momento, penso em dois regressos. O primeiro: o meu regresso a Barcelona, um ano depois. O outro: o meu regresso a Coimbra e a tudo o que deixei. E os dois aliam-se nesse segundo significado da palavra "volver": mudar, transformar, virar do avesso (no filme de Almodóvar, o significado é ainda mais preciso, mais forte: é uma transformação que parte das entranhas ou é a partir das entranhas que se tem de mudar... com toda a força!).
Quando chego a Barcelona, é impossível não me recordar da minha rotina naquela cidade, há cinco anos atrás. Não consigo deixar de voltar aos mesmos sítios, mesmo sabendo que a cidade está sempre em contínua transformação. Num ano, consegui reconhecer transformações enormes. No vazio do edifício, cujo desaparecimento lamentava o ano passado, avança a construção de mais um edifício de "luxo" no Raval, que se está a transformar, aos poucos, num bairro fashion. O Sandwich & Friends (S&F), por exemplo, vai aí abrir brevemente (
http://www.sandwichandfriends.com). Ora, para mim, o S&F é paragem obrigatória para almoço: "un enrrollado caliente Fede e una ensalada Mónica". Mas no Born, para matar saudades. O mítico Champion das Ramblas, onde fazia as compras e, como ainda dizia hoje a Mok, "o supermercado com o ambiente mais divertido que já conheci", passou a ser Carrefour. Nome novo, apresentação nova, mas o mesmo caos de sempre, as filas intermináveis e a confusão instaurada de pessoas e bens de consumo. Continua divertido! A rede de transportes urbanos está cada vez maior e mais eficaz. Mais uma vez, num ano fizeram-se grandes avanços e a mobilidade na cidade está cada vez mais facilitada. A adicionar: um serviço de aluguer de bicicletas (que começa a ser um transporte "público", à semelhança de Zurique, cuja imagem de mil e uma bicicletas alinhadas à porta da estação central – os dois grandes transportes públicos em Zurique - não me sai da cabeça). No entanto, digo-o outra vez: não consigo deixar de voltar aos mesmos sítios e claro que é impossível fazê-lo, mas reconhecê-los, nem que seja numa breve passagem. E não consigo explicar as razões... pois não são motivos nostálgicos ou saudosistas... talvez similares àqueles porque tiramos fotografias, por exemplo. Querer captar um momento único e abrupto, que condensa uma memória inesquecível, que temos medo de esquecer, de apagar, de deixar de a sentir dentro de nós. Porque enquanto dura, ela perpetua, mais do que o momento, outras coisas, novas coisas, que dela nascem, que nela têm origem. Não é um simples reviver. O meu regresso a Barcelona nunca é um regresso.
Ainda não foi desta vez que fui ao Fòrum. Guardo uma única imagem do enorme triângulo azul, quando o piloto do avião, para fazer tempo, sobrevoou Barcelona. Mas, regressei ao pavilhão de Mies van der Rohe (back to the classics) e visitei a piscina de Álvaro Siza. Depois da minha visita a São Benedito, creio que não vá sentir tão intensamente uma visita a uma obra de arquitectura. No entanto, é fácil encantarmo-nos com a forma da piscina de Álvaro Siza. É quase sempre referida a cúpula elíptica com as várias clarabóias e o efeito da luz, que perpassa por elas, na água. Mas não é só na água, é em todo o espaço. E, neste, é a forma que adquire uma força maior. Não é a forma da elipse, mas o conjunto das formas – o volume elíptico, os contornos da água e a rampa – que permitem visões diferentes ao longo do espaço-contentor. As clarabóias apenas produzem um padrão (que varia, ao longo do dia, consoante a luz, mas que é, mais ou menos, estável, durante um banho). Se nos colocarmos ao longo da piscina, em vários pontos, e anularmos, por exemplo, a presença do "tecto", temos imagens, percepções, completamente diferentes da forma. Como se o espaço estivesse sempre em rotação. Se introduzirmos o efeito do tecto, temos uma imagem que nos parece sempre comum, denominada fortemente pela luz das clarabóias. Mas o efeito não deixa de ser bonito e sedutor (imprescindível, até).





Parte II – My Sónar (os meus preferidos)
Sónar de Día:
(dj) James Holden
(live) Piana
(live) Clark
(live) Planningtorock
Sónar de Noche:
(live) Beastie Boys
(live) Dizzee Rascal
(live) Digitalism
(dj) Spacek & Benji B Soundsystem
(live) Devo
(live) Mogwai A melhor parte: o Sónar. Infelizmente, de difícil descrição. Receio, ao tentar descrever, cair nas vulgares expressões, "fantástico", "brutal", "excepcional", etc. (todas o resumem bem e todas são insuficientes para o descrever). É, realmente, um ambiente único, especialmente, durante o dia, quando se está em plena Barcelona e se pode sair e dar uma volta e voltar e dançar... Guardo uma imagem curiosa: as pessoas, com o papel amarelo do programa do Sónar, de um lado para o outro, para apanhar o espectáculo que mais querem ver no momento. O programa é vastíssimo e obriga a essa selecção criteriosa (o que, infelizmente, anula um encontro mais acidental com um concerto ou outro), notando-se que existe, de facto, uma cultura digital (de música electrónica, experimental, aliada às novas tecnologias e à arte digital) enraizada. Há vários críticos que acusam o Sónar de ter perdido o seu carácter experimental e de se aproximar, cada vez mais, dos festivais de música de bandas "estabelecidas". Mas não nos podemos esquecer que o digital já não é experimental, já ultrapassou há muito esse discurso, como cyborgs não são ficção científica... Eu gosto, especialmente, de misturas. Quando sonoridades tão distintas se aliam e constroem um som novo. E o telúrico se transforma em digital. E o hip-hop em digital. E o sensível em espacial.
Outra coisa interessante na música electrónica é que ela atinge, muito facilmente, em determinados registos, o nosso sistema nervoso. Não se trata da questão do volume da música (isso pode suceder com qualquer música), mas da composição de determinados sons, só possíveis digitalmente. Pela primeira vez, não consegui suportar um som. E abandonei um concerto (Haswell & Hecker).

segunda-feira, junho 11, 2007

My little green book*

Há um pastor alemão bebé que passeia no parque, mais ou menos, à hora da minha caminhada. Lembra-me imenso o nosso pastor alemão, que morreu com apenas seis meses. Apenas o pastor alemão está diferente. Nestes dez dias, cresceu imenso e, quando o vi hoje, pensei para mim: "a única diferença que sinto é nele, tudo o resto continua na mesma". Pensamos sempre que no regresso de uma viagem, vamos encontrar tudo diferente (às vezes, também pensamos o contrário, que as coisas cristalizam no tempo, até ao nosso regresso). E, quando a viagem é tão importante para nós, como foi esta para mim, maior é o sentimento que as coisas vão mudar a uma velocidade estonteante e que, no nosso regresso, já não as reconhecemos mais. Talvez seja apenas um reflexo do que desejamos. Ou do nosso desejo que, também, regressemos diferentes... Mas esta viagem foi tão curta. Como é que poderia ter algum efeito sobre mim? Teve-o, claro! Mas não o revelo... Vou antes anotar algumas memórias, à semelhança do que já fizera após a viagem a Nova Iorque. Um "guia" com conselhos, sugestões e histórias de alguns episódios...
Seis e meia da manhã de Domingo. Eu, o João e o Pedro seguíamos para o aeroporto. Eu e o João seguiríamos para Zurique e o Pedro, para Roma. Os nossos voos sairiam à mesma hora e combinámos tomar café antes do embarque. Ambos voos eram da Tap e, enquanto o Pedro esperava pelos colegas, eu e o João fomos andando para o check-in. Qual o nosso espanto quando chegamos ao pé do balcão e vemos uma fila enorme. Era fila única, única para o check-in de todos os voos, não interessava a hora de partida, e para todos os destinos que as companhias da Star Alliance voassem. O caos estava instalado. O meu irmão ainda brincava com a situação, dizendo que, para a próxima, evitasse qualquer uma daquelas companhias. No meio da barafunda, havia um Senhor, de fato, a dizer alto os destinos cujo prazo limite para o check-in se aproximava. Zurique e Roma, claro! Após uma hora na fila, sem sair do lugar. Apressamo-nos, a empurrar as malas, por entre dezenas de pessoas que viam ali uma oportunidade de passar à frente de quem quer que fosse. Lá conseguimos chegar ao pé de um dos balcões e dizer ofegantes "Zurique", quando a rapariga, de fato, também, nos diz que "Zurique" já estava fechado. Foi a gota de água! Não queria acreditar! O João continuava calmo e sereno. Falso alarme. Ainda poderíamos fazer o check-in e lá vimos as nossas malas desaparecer pelo tapete rolante.
Chegaríamos cedo a Zurique e o programa para a tarde já estava escolhido: ir ao Kunst e ver o Pavilhão do Corbu. Nem queria acreditar, ia ver o meu primeiro Bacon! Julgava eu... Percorri, a passo acelerado, não sei quantas vezes as salas do Kunst, à espera de, a qualquer momento, em qualquer passagem súbita de sala, o vislumbrar, magnífico, na imensidão de uma parede branca vazia (mesmo com quadros ao lado, imagino que, ao lado de um Bacon, todos os outros desapareçam e o espaço se torne abrupto, sem chão). Mas não... Desci, pesarosamente, cabisbaixa, entretida com o desânimo. Não, nem Giacometti me alegrou (e, depois, só me lembrava das palavras de Louise sobre as esculturas de Giacometti e, não é de espantar, tem toda razão; apesar da leveza disfarçada de algumas, estão sempre presas a um chão, pesado, fixo, inerte). Fui ter com o meu irmão, que já me esperava cá fora, seguimos para o lago e, de repente, ficou uma tarde linda de sol. O Pavilhão Heidi-Weber era, talvez, das obras do Corbu uma das que eu menos gostava. Mas as suas cores exuberantes sob aquela luz magnífica deram-me a volta à cabeça e não consegui conter-me. O João abanava a cabeça perante os meus saltinhos de alegria (não consigo evitar, quando estou feliz, dou uns saltinhos quase imperceptíveis, embora às vezes me esqueça e salte mesmo). Demos a volta e fomos até à beira do lago, comer um gelado... Estava uma tarde fantástica e eu andava encantada com tudo o que via. Imensas pessoas a andar de bicicleta, descalças com os pés na água, deitadas na relva, a jogar futebol... Queria registar tudo com a minha pequena máquina, até ao momento que o meu irmão pensou que era exagero meu querer tirar uma fotografia a um grupo de amigos a fazer um piquenique. Qual exagero! "Eu gosto de observar e tirar fotografias às diferentes formas como as pessoas se apropriam do espaço," respondia-lhe eu, prontamente, mas apenas tentando justificar-me com uma razão muito própria de quem passa a maior parte do tempo a pensar em espaço. E Zurique faz-nos pensar sobre espaço.


A Ana e o Eduardo já me haviam contado do fantástico sistema de comboios e que eu não teria qualquer problema algum quanto à mobilidade. E é, realmente, extraordinário! Primeiro, existem variadíssimos comboios e é extremamente engraçado perceber a forma de composição. Imaginemos que estamos a construir, na nossa sala, uma linha de comboios, com vários tipos de comboios. Tira-se uma carruagem daqui, tira-se outra daquele comboio em que a locomotiva já não é grande coisa, junta-se outra locomotiva, adiciona-se outra carruagem do último modelo, que é mais caro e... voilá! Temos o nosso comboio! Os comboios suíços têm esta flexibilidade de composição. A carruagem é um módulo que pode ser adicionado, ou subtraído, consoante a ocasião. E o comboio é um transporte flexível, ao contrário do que a pesada infraestrutura possa indiciar. Há comboios para todos os gostos e quem quiser levar a bicicleta também o pode fazer. É um transporte público e quando a bicicleta tem mais expressão na cidade do que os carros, então, alia-se ao transporte público de excelência. O sistema de eléctricos (os "trams") prolonga a flexibilidade do comboio. E, na cidade, um pouco, também, pelos passeios e vias rodoviárias serem uniformes, com um tom contínuo e uma ligeira diferença de cota, os carris são quase imperceptíveis, tendo pouquíssima expressão. Mal se notam!
Continuamos a construir a nossa linha de comboio. Colocamos as montanhas com vários túneis, um vale, ao longo deste, um rio e, mais à frente, um grande lago! Muitas árvores e, de vez em quando, um conjunto de casas em madeira. Nunca construí uma linha de comboio durante a minha infância, mas não tenho dúvida que seria este o cenário eleito. Ia de comboio para Sumvitg, quando notei noutro aspecto da flexibilidade dos comboios suíços. Consoante o cenário (e que, na maior parte das situações, é o da linha de comboio da nossa infância), o comboio tem diferentes características. Aquele onde ia, percorre uma zona baixa dos Alpes, ao longo de um rio de violenta ondulação, tem um sistema de aberturas, que permite baixar a janela do comboio até meia altura e, desta forma, fazer-se a viagem ao "ar livre". Na volta, enquanto esperava na estação, passou o Glaciar Express. Neste, as janelas de vidro laterais dobram e fazem parte da cobertura. A única parte opaca desta corresponde à área do corredor (onde é fixo o sistema de iluminação).
A viagem a Sumvitg foi uma das experiências mais fantásticas de toda a viagem. Naquela manhã, à mesma hora, o João, na linha dez, apanhou o comboio para o aeroporto e eu, na linha nove, o comboio para Chur. Já em Chur, deixei a mala no hotel e regressei à estação para apanhar o comboio para Sumvitg. Uma hora de viagem. Para descer em Sumvitg, uma pequena aldeia nos Alpes, tem de se carregar num botão, para o comboio parar. Desço e vejo ninguém. Mais ou menos à minha frente, algumas placas com indicações. A que me interessava, dizia que, até São Benedito, seriam 50 minutos a pé. O João V. já me havia avisado. Olhei para o relógio. Eram 12 horas certas. "À uma, estou lá", pensei. E comecei a minha caminhada. À medida que ia subindo, ia ficando cada vez mais ansiosa. Olhava para o relógio: 12h 30m. Começava a ouvir água a correr pelo meio da montanha. Um calor insuportável. A minha garrafa, já quase vazia. E, quando menos esperava, vi-a! Ainda ao longe. Extraordinariamente bela. Uma hora, demorei. Uma hora mais, fiquei ali e muito me custou abandoná-la. Não consigo explicar o que senti durante aquele momento, estava eufórica! Completamente eufórica! Mas sei que me foi extremamente difícil sair dali e quando decidi iniciar o meu percurso de retorno à estação, já a alguns metros de distância, olhei para trás e senti, de forma tão intensa, que tinha de tirar uma última fotografia (já tinha arrumado a máquina e tudo), como se aquela fotografia fosse o último momento em que a veria, para sempre. E foi e, curiosamente, é a fotografia que mais gosto (e tirei imensas!).

Agora, alguns apontamentos: as trufas da Sprüngli são divinais; as sandes do Manta Bar, na Bahnhofstrasse, são óptimas para levar e comer num banco de jardim (quentes ou frias), enquanto se vê os trams a passar e uma loja com frutas secas, na Stadelhoferstrasse...

E o edifício de Herzog & de Meuron!

sábado, junho 02, 2007

Next stop

Viajo para esquecer. Creio já haver dito qualquer coisa de idêntica. Desta, é de vez. Viajo para esquecer os últimos dias, os últimos anos. Porque preciso de um início e parece-me que esta viagem tem-no como princípio. É próprio de uma viagem. Até aqui, nada de novo.

“We can have afraid.”

Este post poderia intitular-se, também, “Coincidências – continuação,” tanto que eu gosto de coincidências. Mas, o seu objecto é o do anterior: o medo. O anterior post foi escrito na noite de Quinta-feira e, no dia seguinte, eis que Dominique Perrault responde, com esta frase extraordinária, a Nuno Grande. Tudo, porque Nuno Grande dizia a Perrault que os arquitectos parecem ter medo de fazer edifícios quando fazem edifícios-paisagem ou edifícios quase imperceptíveis na paisagem, por vezes, criando-a artificialmente ou, por outras, prolongando-a numa elaborada simulação de um continuum verde. Sim, os arquitectos, também, podem ter medo. Quem é que não pode?

sexta-feira, junho 01, 2007

Do que é que precisamos?

Do que é que precisamos para estarmos prontos? Prontos para alguma coisa que nos atormenta, alguma coisa que receamos, que desconhecemos. A alguns dias de ir em viagem, com um destino conhecido, mas um futuro incerto, surgiu esta ideia, que já não é uma ideia, é mais do que isso, talvez uma constatação, que as pessoas têm medo de expor as suas fragilidades. Têm medo de as dizer em voz alta ou mesmo em surdina ao ouvido de uma pessoa querida. Têm medo de muitas coisas e mais medo têm ainda de dizerem que têm medo delas, como se não dizendo, o medo se consumisse a ele próprio, desaparecesse, como se nunca tivesse existido. O dizer, em voz alta ou em surdina, é evocá-lo. É torná-lo presente, demasiado presente, porque pode ser repetido. E mais uma vez, evocado. Outra vez, evocado. E se redobrasse. E se tornasse maior, maior ainda. Ao ponto de ser insuportável. E torna-se ruído. E os ouvidos, os nossos próprios ouvidos, deixam de ouvir. E tapamos as orelhas, abanamos a cabeça e negamo-lo. Para sempre, fechado em nós. Imagino tudo isto.
Mas eu falo demais. Não me contenho e exponho-me no meu lado mais frágil. Não vejo mal algum e cada vez mais acredito que é algo fantástico! Penso que aconteça o mesmo com a intimidade. Como é que pode existir intimidade, quando não conhecemos os medos da outra pessoa? Quando ela se cala. E consente. Sim, o ditado, neste caso, também vale... Lembro-me de Louise e como aprendi tanto com ela sobre o medo e este medo que agora também sinto, que Louise sempre sentiu, de não conseguir dizê-lo, porque cada vez mais as pessoas não o dizem e cada vez mais não o ouvem. Fica o eco. Que depressa se desfaz. Pensamos que algumas pessoas não nos são íntimas e ficamos deslumbrados quando partilham connosco uma experiência que os torna frágeis aos nossos olhos, aos nossos ouvidos. Eu, fico radiante! Os meus olhos transparecem o que dificilmente outras partes do corpo conseguem dizer. Para mim, é intimidade. E entre nós, uma distância enorme. Um silêncio profundo. Como na partilha de uma dor, de um pesar. Mas, depois... Depois, há sempre um medo que se perde. Ou vai desaparecendo aos poucos...
Noutra fase, ressurge com toda a sua força incalculável. Trememos uma vez mais, maltratamo-nos, vacilamos, fugimos (ou pensamos em fugir, só queremos fugir!). Somos frágeis e daí? Não precisamos de não o ser.