domingo, abril 30, 2006

O concerto

Fantástico! Excelente! Brutal! Espectacular! Excepcional! Único! Lindo! Fenomenal!
"Yes!"
Como o próprio Erlend gritava de entusiasmo no fim de uma de tantas músicas... lindíssimas! (Sem palavras!). Mais precisamente no fim do refrão que nos havia pedido para cantar: "The sun sets on the war, the day breaks and everything is new..." E "new" prolongava-se eternamente nas nossas vozes...
O concerto dos Kings of Convenience foi, é, será sempre imemorável. Eterno. Como tudo o que cantam. A suspeita confirmou-se. Erlend, ou "o Erlender," como o Bicho ainda eufórico, no final do concerto, já se referia a Erlend, é um tipo divertidíssimo, um grande maluco. Literalmente. Aliás, ele não é grande, é enorme! Altíssimo e o seu metro e muito e muito é loucura pura. Soube-se mal se sentou para cantar as primeiras canções. À terceira, continuavam a chegar pessoas e Erlend ia colocando-as a par: "já cantámos três canções; esta, portanto, é a quarta... o ambiente é tranquilo..." As gargalhas foram gerais. Por esta altura, Erlend continuava sentado, mas não tardou a levantar-se. Erlend tem qualquer coisa nos seus pés que o faz dançar de forma desconjuntada. Mas nunca perde o estilo inconfundível. Não são só os enormes óculos que caracterizam esse seu ar cómico e engraçado de boneco animado (de Snoopy, diz a Susana L.), é, também, a sua forma de dançar. De se arrastar pelo palco em rodopios e malabarismos das suas pernas enormes e do tronco ora meio curvado ora hirto, por entre o movimento dos braços a balançar e do som dos dedos a estalar de encontro ao ritmo. De "getting into the swing... getting into the swing... getting into the swing... "
A primeira grande surpresa aconteceu quando Erlend sai, subitamente, do palco e se junta às pessoas que estavam a assistir ao concerto nas primeiras filas (por ora já ninguém duvidava que estivesse a assistir a um concerto fora do comum, aliás, já todos sabíamos que não estávamos a assistir a concerto algum). Erlend ia ouvir o seu amigo Eirik a cantar. Espanto geral. Aos primeiros acordes, desatámos todos a rir. A sorrir. Eirik cantava de forma esforçada, mas incrivelmente doce, quase naïf, uma das mais conhecidas músicas brasileiras. Desatámos todos a ajudá-lo, enquanto Erlend se movia pelas doutorais, para se juntar novamente a Eirik, e terminar a música em suprema beleza, simulando um maravilhoso trompete. Novamente: todos a rir! Eirik, tão divertido e sempre extremamente oportuno, revelava-nos a nossa simultânea descoberta: ele estava a cantar uma letra em português, cujo sentido não compreendia (eu adorei a forma como pronunciou "felicidade" e mesmo depois da aula da Molder, do que ela nos disse sobre Etty Hillesum, que não devíamos pronunciar, nem utilizar as palavras "felicidade," "Deus," "amor," entre outras, porque os seus significados tinham sido fixados e já nada diziam sobre as palavras, eu adorei ouvir Eirik cantar "felicidade"), porque a tradução inglesa, haviam-lhe dito, era mais uma interpretação do que uma tradução e, por último, que Erlend era o campeão mundial de trompete bocal. Os risos foram constantes durante todo o concerto (aceitemos a palavra, porque não existe nem palavra, nem definição no dicionário para "concerto de Kings of Convenience"). E, por vezes, elevavam-se e tornavam-se na própria música. Ao contrário das palmas e do estalar dos dedos. Houve, logo no início, uma dificuldade em se coordenar o bater palmas e o estalar dos dedos. Erlend preferia claramente a última versão. E dava o tom. E o ritmo.
Por entre as canções, Erlend e Eirik iam pondo-nos a par de algumas das suas ideias sobre a vida. Ideias muito simples, muito claras. Não são essas as ideias de Uma vida? Dizia-nos Erlend que, das vezes que tinha vindo a Lisboa e estado junto ao rio, se tinha apercebido e desgostado com a existência de uma fronteira entre o porto e o rio. O que o aborrecia imenso, pelo que acontece o mesmo na sua terra natal, Bergen. Haviam estragado, completamente, o único e último sítio perfeito para uma pessoa se enamorar!
Contra todas as fronteiras, todas as divisões, todos os limites, Erlend dirigiu-se aos seguranças e pediu para que todos os que quisessem ir para o palco dançar com ele, o pudessem fazer. Saltámos das cadeiras, irrompemos pela sala, desatámos a correr, nisto, a música já se fazia ouvir, Erlend já dançava... e nós no palco como numa qualquer pista de dança! A dançar, a saltar!
I'd rather dance with you than talk with you
So why don't we just move into the other room
There's space for us to shake, and hey, I like this tune
Even if I could hear what you say
I doubt my reply would be interesting for you to hear
Because I haven't read a single book all year
And the only film I saw, I didn't like it at all
I'd rather dance, I'd rather dance than talk with you
I'd rather dance, I'd rather dance than talk with you
I'd rather dance, I'd rather dance than talk with you
The music's too loud and the noise from the crowd
Increases the chance of misinterpretation
So let your hips do the talking
I'll make you laugh by acting like the guy who sings
And you'll make me smile by really getting into the swing
Getting into the swing, getting into the swing
Getting into the swing, getting into the swing
Getting into the swing, getting into the swing
Getting into the swing, getting into the swing
I'd rather dance, I'd rather dance than talk with you
I'd rather dance, I'd rather dance than talk with you
I'd rather dance, I'd rather dance than talk with you
I'd rather dance with you
I'd rather dance with you
No fim, regressei ao meu lugar, alguns ficaram pelo palco, sentados no chão. Aquele momento devia permanecer assim: único na sua espontaneidade, no silêncio paradoxal de um instante abrupto, sem interferência alguma de um antes ou de um depois. E assim se despediram Erlend e Eirik da Aula Magna.

quarta-feira, abril 26, 2006

A Casa de Josephine – parte 1

Parte 1, porque antecipo que muito irei escrever sobre a casa de Josephine. Durante os próximos tempos, mudar-me-ei de malas e bagagens para esta casa. E terei que descobrir, como um dia A. escreveu sobre o quarto de S. "as infinitas possibilidades de um espaço limitado" (assumo a total opção de não citar explicitamente o autor). Este espaço limitado não é, porém, semelhante ao pequeno quarto de S. em Paris, se pensar em dimensões... Vejamos: quantos quartos de S. caberiam na casa de Josephine, curiosamente também em Paris (um acaso de que A. gostaria)? Pelas minhas contas, no mínimo, uns duzentos quartos. Mas se esquecer a pequenez do quarto de S. e relembrar o que A. diz sobre esse estranho espaço, consigo aproximar-me, ficar à porta pelo menos, da casa de Josephine. Numa primeira aproximação, tocar à campainha. "Aquele era um quarto de sonho, um quarto cujas paredes se assemelhavam à pele de um segundo corpo à volta dele, como se o seu próprio corpo tivesse sido transformado em mente, um instrumento vivo de puro pensamento." Qualquer coisa muito semelhante já ouvira a José, sobre a casa da Matriona, essa casa, essa personagem de um conto de Soljenitsyne: a casa devém Matriona e Matriona devém casa, indiscernivelmente. As palavras de José ganham uma outra força. Afinal, tudo o que me irá acontecer na casa de Josephine, acontecerá pelo trabalho no âmbito do seminário do José. Contudo, tenho esta impressão, senão uma terrível e cruel angústia, de habitar a casa de Josephine, como S. habitava o seu pequeno quarto ou Matriona a sua casa do meio do bosque. É inevitável. O trabalho apenas ficará completo, terminado, se eu devir - casa de Josephine. Tarefa árdua, pior!, tarefa difícil. Porque, embora A. diga sobre o quarto de S., esse não é o lugar da imaginação. É outra coisa.
Vontade não me falta. A casa de Josephine, como me confidenciou Molder no final da passada aula de sexta-feira, "é lindíssima!" E tenho a certeza que esta qualidade é utilizada por Molder não pelo estilo ou pela linguagem da sua arquitectura ou pelo conjunto de especulações em torno da casa, mas pelo que proporciona a quem a habita. E é único. Ou única. Se pensarmos numa só sensação a percorrer aquelas escadas imensas, largas, e outras, circulares, elípticas, a flutuar pela água, pelos corredores, pelo enorme salão a transbordar de luz... É lindíssima! Sim, é lindíssima! Não obstante nem sequer estar construída. Não vai ser difícil habitá-la. Mas vai ser difícil compreendê-la pelo que é. Tenho uma ideia ainda muito vaga do que pretendo compreender. Tenho, sim, este sentido de que só poderei compreender a casa de Josephine se devir casa e que nesse processo encontrarei os mecanismos para a sua compreensão. É engraçado que o que desejo compreender seja exactamente o que me proporcionará a compreensão. Sim, é muito divertido.
Nos meus primeiros passos na casa de Josephine, após me ser aberta a porta, ter entrado devagarinho, senti uma vontade enorme, quase louca, de fixar determinados momentos em imagens. E as próprias imagens teriam a capacidade fantástica de proporcionar um tal momento de intensidade máxima. Qualquer coisa idêntica ao que Francis Bacon diz sobre as fotografias e o facto de se sentir sempre capturado por estas (em especial pelas de Muybridge, da figura humana em movimento). Explicava a um amigo, talvez um dos que me conhece melhor, como é que eu estava a imaginar estas imagens (e estava a pensar em fotografias como em imagens digitais). Uma das minhas condições é que estas teriam que possuir uma certa "carga dramática." Foi a expressão que me veio à cabeça na altura, mas que não me parece de todo desadequada, ainda que um pouco aquém das minha próprias expectativas sobre as imagens ou sobre a própria expressão. Continuo sem conseguir dizê-lo de outra forma ou de melhor forma. Ainda não atingi esse grau. Também ainda nem sequer comecei a subir as escadas. Mas dizia-me P. que eu continuava na mesma. Tenho pena de não me lembrar das suas palavras exactas, mas diziam qualquer coisa sobre eu ser sonhadora, de andar sempre nas nuvens, etc. A minha resposta não adianta muito mais ao que já muitas vezes escrevi por aqui. Mas, quando à tarde, iniciava as minhas muitas leituras entrecruzadas (contra todo o método que havia defendido no dia anterior, de ser sistemática e pragmática nas minhas leituras, começar numa ponta e acabar noutra, tudo a eito, sem parar, nem vacilar), me deparei com uma pequena nota de rodapé com algumas palavras de um prefácio de Schönberg a uma segunda edição de um volume publicado por Loos. Não foi tanto o que as palavras significavam no sentido da frase, mas um pequeno fragmento. E esse pequeno fragmento era todas as palavras de P. juntas e todas as minhas respostas possíveis, actuais ou mesmo virtuais. Não o vou transcrever, porque correria o risco do seu sentido original se esvair e eu própria perdê-lo. E porque o sentido que despertou em mim é muito idêntico a esse que raramente me abandona e que teimo em perseverar em mim: ser por querer, por desejar, por prazer, por ser, infinitamente... E as coisas são mais bonitas. E a casa de Josephine é lindíssima!

quarta-feira, abril 12, 2006

O reencontro

Um dia lindíssimo em Lisboa. Um dia a antecipar o Verão. Nada de especial. No entanto, quando estava à espera do comboio na estação do Oriente, o sol de frente, a ouvir música no ipod, o que já não fazia há algum tempo (há muito tempo, aliás), todo o meu Verão do ano passado surgiu do nada. O mesmo calor no corpo, a mesma música que percorreu o meu Verão. Já nem me lembro há quanto tempo não ouvia Arcade Fire. E, subitamente, aquele sentimento absurdo de nostalgia. Tenho alguma dificuldade em compreender a nostalgia. Hoje, creio que encontro uma desculpa razoável para a aceitar. Duas horas antes, o Hugo telefonara-me. Já está cá, em Coimbra, mais precisamente. Todas as pessoas sabem (ou quase todas) que tenho sempre imensas saudades do Hugo. Nunca confundo saudades com nostalgia, porém. Tenho sempre imensas saudades dos meus amigos e da minha família. Mal me despeço de alguém, como aconteceu há pouco tempo com um amigo muito especial, as saudades atingem-se de imediato. Dizia a esse amigo, que logo após ele ter entrado no carro, junto da minha casa, um sentimento de tristeza tomou conta de mim e acreditei que fosse pelo abraço que me deu. Acredito que os abraços têm mais a ver com despedidas do que dois beijos na face, também. Mas nunca este meu sentimento de tristeza temporário (porque me custa afastar dos meus amigos, custa-me tê-los longe de mim) e as saudades, que sinto sempre tão intensamente, são sintomas de nostalgia. Digo sintomas propositadamente. Não que compreenda a nostalgia como uma doença, mas porque a ligo sempre ao passado. Mesmo que acredite que passado, presente e futuro estejam constantemente a fundir-se e me seja extremamente difícil dissociá-los, a nostalgia reporta-se a um acontecimento específico e a um tempo passado preciso. E se existiram momentos marcantes em mim, pertencem a esse tempo do Verão, e não a um, mas a muitos acontecimentos indissociáveis espacial e temporalmente. Evito lembrar-me de qualquer um. Também não consigo associar a nostalgia a momentos agradáveis. Muito menos como forma de reviver determinados momentos. Nunca são os mesmos momentos. Creio que é pela intensidade que pretendo de cada um que me custe a aceitar revivê-los. Reduzo a nostalgia a um momento passado e a um momento de tristeza pura. E ambos são contrários a mim. Mas hoje, naquele momento preciso em que ouvia a música dos Arcade Fire, deixei-me por uns minutos permanecer nesse lugar absurdo da minha memória. A memória táctil é quase sempre mais poderosa do que a visual. Ou mesmo do que a sonora. E a sonora estava tão perto de mim quanto a táctil. As duas juntas aprisionaram-me nesse tempo passado, nesse lugar absurdo. O Hugo? O Hugo foi um dos meus amigos que esteve sempre comigo, não obstante estar em Pamplona (como já aqui referi).
Agora que regresso a Coimbra, ao mesmo tempo que regresso desse estado desprezível, esqueço novamente tudo. Ainda que escreva sobre ele, nos minutos após me ter atingido, já me abandonou. Já ouço outra música, a temperatura do meu corpo já desceu, o sol quase desapareceu. "Gigantic"! Outro Verão. Esse repete-se este ano. Eu e o Gonçalo aos saltos no fantástico concerto dos Pixies, há dois anos atrás. Dia 20 de Julho: regressamos!

domingo, abril 09, 2006

9 de Abril

É um dia difícil. É um dia marcante. A minha avó Luísa faleceu neste dia, há seis anos, para ser mais precisa. E o fado que mais gostava de cantar chamava-se "9 de Abril." Há três anos defendi a minha prova final de licenciatura e acabei o curso. Hoje... hoje pergunto por que é que fico sempre tão transtornada com a proximidade deste dia. E há coisas que teimam em acontecer, como se este dia já não fosse suficientemente importante para mim. Sei que desde há seis anos para cá, a tudo o que quer que aconteça neste dia, eu também lhe atribuo um significado acrescido...
Ontem fazia a minha viagem de Lisboa para Coimbra, que já não fazia há quinze dias, os mesmos quinze dias que ficara fechada em casa a terminar o trabalho no âmbito do seminário da Maria Teresa Cruz, a ouvir o mesmo cd que ouvira durante esses quinze dias e a pensar o que é que faz as pessoas mudar. E esta mudança a que me refiro, não é uma qualquer mudança, não! É uma mudança radical! De um momento para o outro, olhamos para uma pessoa, falamos com ela e percebemos que ela já não é a pessoa que conhecemos. E, pior! Que essa pessoa já pouco nos diz. Uma viagem? Sim, acredito que uma viagem possa provocar uma mudança radical numa pessoa. Eu própria ansiei por isso, quando fui para Barcelona seis meses. Se vim diferente? Sim, Barcelona mudou a minha percepção de muitas coisas e por isso sinto tantas saudades de Barcelona... Imensas! Mas pergunto... com uma iminente viagem, digamos que a... Nova Iorque! Um mês, apenas. Ou cinco dias... Será que uma viagem tem esse poder? Todas as viagens, que fiz até hoje, marcaram-me de uma forma ou doutra e antes de todas elas senti essa necessidade de evasão. Uma evasão que era inseparável de um desejo profundo de mudança. O encontro com o Outro desperta essa vontade em mim. Ou talvez... o encontro comigo mesma, sob outra forma de mim mesma que, até àquele momento, me era desconhecida. O mais engraçado é que, em todas essas vezes, voltei com a mesma vontade de recuperar um momento que imaginava cristalizado durante a minha ausência e, estranhamente, a desejar, ainda mais, uma nova evasão. Normalmente, durante os dias que se seguem ao do regresso de uma viagem, tenho sempre a sensação que pairo no lugar onde me encontro e no tempo que decorre. Como uma presença fantástica. Muito subtil... quase transparente. Intermitente. Creio que seja pela indefinição que me ausento e regresso simultaneamente. Portanto, acredito que uma viagem possa mudar radicalmente uma pessoa. Basta que ela estabilize a sua imagem num intervalo.
De forma semelhante, um encontro também permite a mudança. O encontro com o Outro transforma-se num encontro específico, com condicionantes muito precisas, num contexto inalterável. Com tanta delimitação, a mudança parece ser a única via possível para o encontro não se transformar novamente, mas, desta vez, em desencontro. Mas propiciará uma mudança radical? E sob que circunstâncias é que a mudança deixa de ser uma simples mudança, um simples ajuste, e se transforma em mudança radical? Assusta-me, verdadeiramente, a mudança radical. Ou assusta-me a mudança radical quando perco algo em mim de que tanto gostava. E este algo é quase sempre interior por ser, primeiramente, exterior, porque as operações internas são resultado de outro tipo de relações que envolvem mudanças radicais temporárias. Por essa razão, as operações internas são, também, mais flexíveis e cada pessoa reconhece a sua fantástica capacidade em mudar. Creio mesmo que a mudança radical seja permitida por essa mesma flexibilidade interior. O que é um pouco contraditório com a própria noção de mudança radical. A não ser que considere que a mudança radical só seja possível exteriormente. Ou, por outro lado, que algo do interior tenha permanecido, durante um tempo, camuflado. Não sei o que será pior. E sinto o mesmo quando não sei o que é que faz as pessoas mudar. Embora sinta que determinados acontecimentos devam permanecer na perplexidade, insurjo-me sempre perante a incompreensão. E não estou a pensar que essa incompreensão de certa forma me completaria. Não! Estou a pensar numa coisa muito simples. A mudança radical dá lugar a uma negação. A uma destruição. E quem é que gosta de ver destruídas as coisas de que gosta mais? E quando não são coisas, mas pessoas?
Também há dias que nos fazem mudar. Se radicalmente ou não, não consigo responder. Mas às vezes é bom desprover-lhes o significado. Retirar-lhes o número como significante na sua relação connosco.